CONTANDO HISTÓRIA...

Conforme prometi, de vez em quando, vou contar alguns fatos curiosos, engraçados ou importantes da história do Flamengo.

Todas tiradas do livro "100 anos de bola, raça e paixão", que escrevi com os companheiros Celso Júnior e Arturo Vaz.

Com a cara na lama. No Campeonato Carioca de 1966, o Flamengo estava convicto de que poderia conquistar o bicampeonato. De fato, tinha condições para isso. A base era a mesma de 65, mas encontrou um adversário em grande fase. Era o Bangu de Paulo Borges e Aladim, que já vinha batendo na trave desde 1964.

Mesmo assim, no último jogo do primeiro turno, em 30 de outubro, o Flamengo conseguiu uma vitória sobre a equipe de Moça Bonita que entrou para a história. O Rubro-Negro perdia por 1 x 0 até aos 28 minutos do segundo tempo quando, debaixo de muita chuva, Silva conseguiu empatar. A pressão do Flamengo pela vitória só aumentou. Já eram decorridos 40 minutos. Com o ímpeto dos grandes goleadores, Almir percebeu que para alcançar aquela bola parada quase na linha gol, teria que ter a coragem dos bravos, se atirar no gramado encharcado e meter a cara e o corpo numa poça de lama  para conseguir empurrar a bola de cabeça para dentro do gol de Ubirajara Motta. Um gol épico! Foi o que garantiu a vitória heroica por 2 x 1 e a liderança do campeonato.

Mas o herói também era bandido. Na final do campeonato, dia 18 de dezembro, Flamengo e Bangu se enfrentariam outra vez na decisão do campeonato. Mas dessa vez prevaleceu o melhor entrosamento do adversário, que no primeiro tempo já abriu a vantagem de dois gols. No intervalo, inconformado, Almir já garantia que o Bangu não daria a volta olímpica. Quando Paulo Borges fez 3 x 0 aos 3 minutos do segundo tempo, Almir reafirmou a sua convicção de que o jogo não acabaria. Assim, aos 25 minutos, ele resolveu agredir de forma explícita o centroavante Ladeira que havia feito uma falta dura em Paulo Henrique. A partir daí, começou uma pancadaria generalizada com Almir correndo atrás dos atletas do Bangu. Nove jogadores acabaram expulsos, inclusive, é óbvio, Almir. Foi a maior briga que o Maracanã já presenciou e o jogo terminou ali mesmo.